COLUNA DE 14 DE DEZEMBRO

Não me deixem só!

Geraldo Alckmin que, durante seu longevo reinado no Palácio do Bandeirantes, nutriu pouquíssimo apreço pelos professores da rede estadual - quem diria - virou professor. Ele fez sua estreia, durante a semana, ministrando aula para alunos do curso de medicina da recém-criada unidade de Bauru da Uninove.

Salas refrigeradas e bom tutu no bolso

Obviamente, o candidato derrotado à presidência da República não vai receber, pelas aulas ministradas, o mesmo que sempre pagou aos docentes estaduais. Nem lecionará em escolas de salas abafadas, superlotadas e de pouca segurança, enfrentando alunos, ora desmotivados ora bastante agressivos. Que ele obtenha sucesso nas novas funções.

Anos de chumbo

Ontem, 13 de dezembro, fez 50 anos que a ditadura de 1964 editou o Ato Institucional número 5. Da lavra do ministro da Justiça (sic), Gama e Silva, concedia poderes ao presidente da República de fechar o Congresso Nacional, as assembleias estaduais e as câmaras de vereadores. Também autorizava a suspensãodos direitos políticos (por 10 anos) de qualquer cidadão brasileiro. Tinha a faculdade de cassar mandatos de deputados federais, estaduais e vereadores e vedava manifestações de caráter político. O magistrado que concedesse habeas corpus em casos de crime político, contra a ordem econômica, segurança nacional e economia popular, poderia perder o cargo.

Cale-se!

O AI-5 também impunha censura prévia a jornais, revistas, livros, peças de teatro e letras de músicas. No dia seguinte, o Jornal do Brasil, editado por Alberto Dines, limitou-se a publicar, no canto direito superior da primeira página: "Previsão do tempo: Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O Brasil está sendo varrido por fortes ventos". O documento foi uma represália ao discurso do deputado Márcio Moreira Alves que pediu ao povo brasileiro, que boicotasse as festividades do 7 de setembro de 1968, protestando assim contra o governo militar.

Sobrou pra todos

Na política, houve um arraso. Prenderam Carlos Lacerda, o maior anticomunista existente no país. O ex-presidente Juscelino Kubitschek também foi encanado, embora diagnosticado, à época, com hipertensão, gota e infecção urinária. Foram cassados os ministros do Supremo, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Vitor Nunes Leal. Na Suprema Corte Militar, não perdoaram nem o general Pery Bevilacqua, também destituído.

Professor Valdir Andrêo

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