COLUNA DE 2 DE ABRIL

Saudade, substantivo concreto!
O título acima dá início a um texto do professor de Português, Sinuhe Daniel Preto. Torcedor apaixonado do Noroeste e do Palmeiras, frequenta (esporadicamente) o bar do Jura, no jardim Europa, conhecido bairro de Bauru. Por sinal, lá também converso, de vez em quando, com o dracenense e ex-aluno Péricles Orzan, o Peron. Dedico, indevidamente, o texto que não é meu ao bancário Jaime Chitero, ao sindicalista Sérgio Manoel e ao ex-aluno José Carlos Rocha, alguns dos renitentes acompanhantes da coluna. 
“Na lousa do Grupo Escolar "João Maringoni", no bairro Bela Vista, Dona Tomyko explica que substantivo abstrato é aquilo que não se toca, não se vê e que substantivo concreto é aquilo que se vê, pode-se tocar! Somos ainda efebos e precoces para perguntar à oriental e atenciosa Mestra se Deus é abstrato ou concreto!
Casa é concreto, seja a de Vinícius de Moraes ou dos Três Porquinhos, algo que virou sinônimo de prisão, o que todos, outrora, sempre quiseram era voltar à casa, à sua casa! No entanto, só estar em casa, ficar em casa, trouxe à tona uma solidão em grupo e, ao mesmo tempo, um tempo para chamar de seu junto aos meus ou aos seus!
Essa casa obrigatoriamente não tão "lar doce lar" nos deu saudade da rua, que se fosse minha, eu mandava partilhar, compartilhar, só para ver o meu, o seu ser passar e passear!
Parece-nos esse isolamento que estamos brincando de "Estátua" e que não vemos a hora de nos mexermos! Ou parece que estamos em uma festa junina em que a todo momento corremos o risco de irmos parar na "cadeia". Nunca pensei que sentiria saudade de o relógio despertar às seis da madrugada, de encher as lousas até o braço doer, saudade dos alunos que sempre confundi com amigos, sobrinhos, filhos!
Imaginaria quando sentir saudade de ver jogos de futebol até dos rivais, saudade de ser bloqueado na roleta da porta do banco, saudade dos que sempre descurtiram minhas postagens, saudades de quando ainda não fora "fisgado" pelas redes sociais ou não!? Sinto saudade de sentir saudade, de rever os que sempre fingiram ver-me, saudade de abraçar, algo que aprendi depois de adulto, saudade de cumprimentar até a quem não gosto!
A saudade está à solta, que inveja, estou preso, entretanto, a liberdade é questão de tempo, a pergunta é se vou sentir saudade do ontem que será hoje ou amanhã! Se terei saudade dos meus atos que machucaram outrem, das minhas palavras que foram ofensa sem ter minha total presença, saudade dos meus gestos em que julguei sujeitos como objetos, saudade em que endeusei o vil metal sem saber que o valor dele é dado por quem pensa valer tudo!
Quando chegar o momento da soltura, espero ser nova criatura, sem saudade dos meus erros, preconceitos ou julgamentos!Espero sentir saudade do que poderia ter sido, feito e ser um novo sujeito!”
Professor Valdir Andrêo

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