COLUNA DE 14 DE JUNHO

Revisando a história

Num momento em que o mundo inteiro promove justas manifestações contra o racismo, tendo em vista o cruel assassinato de um negro nos Estados Unidos, é preciso ressaltar que - no Brasil - predadores de índios continuam sendo reverenciados como heróis nacionais. Como bem acentuou o economista Celso Ming (articulista do Estadão), as melhores rodovias paulistas homenageiam aquelas figuras. Qual motorista dracenense já não trafegou pela Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias ou Bandeirantes?

No confinamento compulsório a que se submete, nos últimos três meses, este jurássico colunista está lendo o primeiro dos três volumes da obra “Escravidão”, do escritor Laurentino Gomes. Na página 127, ele conta sobre as atrocidades de Raposo Tavares que dá nome à rodovia que, saindo de São Paulo, corta o estado, passa por Presidente Prudente e termina em Epitácio.

O escritor paranaense relata que uma das maiores bandeiras, a de Raposo Tavares, partiu de São Paulo em 1628. O empreendimento, apoiado pela câmara municipal, recrutou quase todos os homens da cidade que naquela época tinha pouco mais de dois mil habitantes. O grosso das tropas era composto por mamelucos e indígenas capturados ou recrutados em toda a região do planalto paulista. Somados, totalizavam 2,9 mil contra apenas 69 brancos.

Segue Laurentino: “Avançando em três colunas, sertão adentro, a bandeira aprisionou – de 1628 a 1630 – entre 40 e 60 mil índios guaranis aldeados na província jesuíta do Guairá, no atual estado do Paraná. Apavorados com a investida, indígenas e jesuítas fugiram, descendo os cursos dos rios Paranapanema e Paraná até a foz do rio Uruguai, no atual estado do Rio Grande do Sul”.

Continua: “Como resultado da política de terra arrasada dos bandeirantes, os índios praticamente desapareceram de uma extensa área que ia de Cananeia (SP) à Lagoa dos Patos (RS). Os guaranis se retiraram para o atual Paraguai onde hoje compõem a maioria da população e ainda conseguem manter sua língua e seus costumes. Na língua guarani paraguaia, a palavra BANDERANTE é sinônimo de bandido ou bandoleiro”.   

Professor Valdir Andrêo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

HOMENAGEM A VALTER RIZZI

HOMENAGEM A NEGO MORTÁGUA

COLUNA DE 15 DE MARÇO