COLUNA DE 24 DE AGOSTO
Há
66 anos
Hoje,
24 de agosto, faz 66 anos que Getúlio Vargas, então presidente da República,
suicidou-se, disparando um tiro contra o peito. A atitude extrema foi tomada
depois que foi informado de que os altos comandos militares exigiam seu licenciamento
do cargo, como condição para a solução da crise política em que o governo se
viu envolvido nos últimos anos de seu segundo mandato. A crise fora agravada com o atentado do dia 5 de
agosto, na rua Toneleiros, na capital do Rio de Janeiro. Perpetrado contra o
jornalista Carlos Lacerda, nele morreu o major da Aeronáutica, Rubens Vaz. Mas
teve a participação de membros da guarda pessoal de Vargas.
Um
país atônito
Segundo
relatos da época, “a perplexidade com o suicídio tomou conta do Brasil. Escolas
liberaram os alunos, o comércio fechou e as fábricas desligaram as máquinas. As
pessoas caminhavam tontas pelas ruas. Era o desfecho sangrento do drama que o
país acompanhava pelo rádio e diante das bancas de jornais. Impotentes para
reagir, as multidões dispersas pelas ameaças voltavam a se formar a alguns
metros adiante, para chorar”.
A
razão do sacrifício
De
acordo com Nilton Cesar Nicola, doutor do departamento de Letras Clássicas e
Vernáculas da Faculdade de Filosofia da USP, “o suicídio de Getúlio foi um ato
político. Suicidando-se, ele evitou que golpistas, representando interesses
reacionários e antinacionais, chegassem ao poder. Com esse ato extremo, Getúlio
deu uma sobrevida de dez anos à democracia brasileira, até que o golpe
civil-militar de 1964 instaurasse, entre nós, uma ditadura que durou 21 anos”.
Obstáculo intransponível
Em sua trilogia sobre Getúlio, o escritor Lira Neto diz
que o retorno – pela segunda vez à presidência – deu início a um dos períodos
mais conturbados da política brasileira. “A oposição ferrenha do udenismo e da
imprensa, personificado por Carlos Lacerda, combateu todas as iniciativas
populares (ou populistas) do novo mandato. O ‘mar de lama’, denunciado por seus
inimigos, manietou o envelhecido presidente, dividido entre os afagos à classe
trabalhadora e a obediência devida à praxe anticomunista da Guerra Fria’.
Não cala
Conforme ficou registrado em sua carta-testamento,
Getúlio Dornelles Vargas saiu da vida para entrar na história. Entretanto as
polêmicas e debates em torno do ex-presidente continuam mais vivos do que
nunca. Decorridos 66 anos da morte do chefe de governo que mais tempo passou à
frente do poder republicano no país, sua figura histórica e legado continuam a
ser alvo de acirradas controvérsias.
Professor Valdir Andrêo
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