COLUNA DE 25 DE ABRIL

“Seu” João da bombonière

No crepúsculo dos anos 1970, João Gonçalves possuía um estabelecimento comercial, no cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Expedicionários. No mesmo quarteirão, talvez não simultaneamente, funcionaram a lanchonete Copacabana, do Zé do Bidu, e o bar do Joãozinho, pai do José Antonio Ortiz.

Em razão dos produtos que “Seu” João comercializava na bombonière, confesso que não era um freguês assíduo. Mas me acostumei a ver aquela figura sisuda, atrás do balcão. E, numa determinada manhã, não escondi a surpresa ao levar uma bronca dele. “Como você aceita que um menor venda assinaturas de seu jornal”? É que o jurássico colunista era proprietário do bi-semanário ‘Tribuna do Povo’.

Como acumulava a redação do periódico com aulas nas redes estadual e particular, ficava pouco tempo no jornal. E um auxiliar da gráfica se aproveitou disso, apossando-se de um bloco, vendendo assinaturas e embolsando o dinheiro. Não fosse João Gonçalves alertar, a sangria teria sido muito maior.

Após dirigir o estabelecimento e se aposentar, ele não parou e começou a vender bilhetes da loteria federal. Mesmo em novas funções, manteve a postura: cara fechada e poucas palavras. Guardo dele excelente recordação e o agradeço, pois me ensinou que devia cuidar com muita responsabilidade dos negócios, mesmo que bem modestos.

Gente maldosa afirma que “seu” João era pé-frio. E que - por isso - nem o filho Edir comprava bilhete dele.   

Professor Valdir Andrêo

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