COLUNA DE 6 DE JUNHO

Cova América

 

Antes da partida contra o Equador, pelas eliminatórias do mundial, noticiou-se o ensaio de boicote à Copa América, por parte de jogadores e comissão técnica da seleção brasileira. O posicionamento surge como um “fato novo” capaz de ressoar em efeito cascata com potencial de “melar” de vez a competição continental que foi desabrigada por Argentina e Colômbia e encontrou refúgio num Brasil, varrido pela pandemia de covid-19.

 

Duas décadas antes

 

Se o grupo atual pressiona os cartolas da CBF, um jogador concretizou o boicote, há 20 anos. Tetracampeão mundial em 1994, o volante Mauro Silva havia se apresentado à seleção como um dos atletas mais experientes do grupo e titular do time de Luiz Felipe Scolari para a Copa América de 2001. Já dentro do avião que levaria a delegação à Colômbia, sede da competição, Silva comunicou a Felipão que não viajaria com o restante da equipe.

 

Atitude isolada

 

Ainda no aeroporto, justificou sua decisão: “Quis mostrar minha revolta com o fato de interesses políticos e econômicos falarem mais alto. Se, há uma semana, a Colômbia não tinha condições de realizar a Copa América, por que agora tem? O que mudou? Foi pressão dos investidores? O interesse daqueles que teriam prejuízo com o cancelamento do torneio é mais importante do que a vida humana?”, questionou o jogador. O ato de protesto não foi seguido por nenhum dos companheiros de equipe. 

Ambiente de guerra

A competição em solo colombiano chegou a ser cancelada pela Conmebol depois que Hernán Campuzano, vice-presidente da Federação de futebol do país, foi sequestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O clima era de tensão permanente no país, pois, além do acirramento do confronto entre tropas do Exército e das FARC, um atentado terrorista havia detonado um carro-bomba num prédio de Cali.

Mesmo assim...

O ataque foi vinculado ao cartel que controlava o narcotráfico na região e que, assim como as FARC, ameaçava novos atentados durante a Copa América. Em que pese o clima de terror, a Conmebol voltou atrás e confirmou a realização do torneio na Colômbia a menos de 10 dias para a abertura, razão da atitude de Mauro Silva.

Professor Valdir Andrêo

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