COLUNA DE 7 DE NOVEMBRO

O bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

 

O pernambucano Manoel Bandeira escreveu este poema em 27 de dezembro de 1947, no Rio de Janeiro. Procurou, à época, retratar a realidade social do Brasil, mergulhado na miséria, durante aquela década do século passado. “Aparentemente simples, mas afinal desconcertante, a poesia denuncia uma ordem social fraturada”, sentenciou um crítico literário. 

Hoje, decorridos quase 80 anos, o poema de Manoel Bandeira se mostra atualíssimo. Denuncia, através de uma cena triste e cruel, o abismo social tão típico da sociedade brasileira. E que tende a se agravar, nos próximos anos...

                                              Professor Valdir Andrêo

 

 

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